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Ives Gandra Martins: Ele se consagrou pelas suas múltiplas virtudes

Ives Gandra Martins, 90 anos

Ives Gandra Martins: Ele se consagrou pelas suas múltiplas virtudes

Por Wilson Victorio Rodrigues e Roberto Macedo03/07/2025 | 03h00

“Vejo Ives como um ser voltado à esperança. Conheço-o há muito tempo, e ele continua essa pessoa inteira, sem artifícios. Às vezes tenho vontade de bater no seu ombro e lhe dizer: Me alimenta, me fortaleça, dê-me coragem para o sonho!”, disse a escritora Lygia Fagundes Telles (Ives Gandra, Vida&Obra, disponível no YouTube), com o que iniciamos este texto que celebra os 90 anos de Ives Gandra Martins, homem inteiro, de inúmeras facetas (humanista, escritor, poeta, jurista, professor, católico, filósofo, historiador, marido, amigo etc.), todas exercidas com talento, coragem e autenticidade.

Lygia não poderia tê-lo definido melhor, pois o ser humano dado à cultura é inteiro, vê o mundo de maneira ampla, tem maior capacidade de compreender os mistérios da vida e de enfrentar o cotidiano. Vamos explorar (sempre citando trechos de seu livro Reflexões sobre a Vida, de 2016) algumas facetas deste polímata, que veio de família prodigiosa, terreno fértil para seus talentos e propósitos. Seu pai, José da Silva Martins, estimulou os filhos no estudo das humanidades. Queria vê-los pianistas ou perfumistas, e as conversas eram sobre conhecimentos gerais, capitaneadas por José desafiando os filhos a adivinharem compositores clássicos, ao som da vitrola.

Ives, poeta: “O universo é imenso. Dizem alguns que infinito. O poeta, todavia, com suas imagens, sonhos e viagens pelos espaços da imaginação vai além das fronteiras do universo.” Quem lê suas poesias nota sua capacidade de ver o mundo de maneira ampla. Lá estão as várias cenas da vida: família, natureza, amigos, morte, eternidade, Deus, arte, política… Sua maior inspiração é, sem dúvida, Ruth, que o levou para a fé católica e com quem teve um casamento de rara cumplicidade.

Ives, católico: “A inutilidade das coisas finitas é que terminam. A alma tem que ser alimentada de coisas que não terminam. Só Deus pode dá-las”. Sua fé é inquebrantável! Vai à missa todos os dias e, sobre mantê-la em sua rotina diária, diz que é o melhor negócio que existe, pois ao dar 30 minutos à Deus, Ele lhe dá 23 horas e meia. Estar na presença de Ives é como estar na presença de algo maior, de um espírito sereno, e, por certo, a fonte das virtudes que o definem vem da doutrina católica.

Ives, marido e homem de família: “O amor conjugal deve ser cultivado, como são os belos jardins. Quando se descuida do cultivo, tanto o amor como os jardins perecem”. Ives aconselha aquilo que acreditamos ser a maior condição para o êxito conjugal. Diz que se um dos dois ingressar no casamento desejando a felicidade do outro mais do que a própria felicidade, é certo que será duradouro; se, no entanto, ambos agirem assim, o casamento, além de eterno, será uma verdadeira história de amor. Afinal, não ama quem quer ser feliz no amor, mas sim aquele que quer fazer o(a) seu amado(a) feliz. Assim foi seu casamento com Ruth, trilhado em mais de seis décadas de companheirismo e seis filhos.

Ives, professor: “Educar é formar e não apenas informar.” Como educadores que somos, essa faceta de Ives nos fascina. Sempre com lições na ponta da língua, e que abarcarão os conhecimentos mais amplos (Ives tem memória e oratória extraordinárias, além de uma capacidade rara de amalgamar as diversas áreas do conhecimento, reunindo História, Religião, Política, Direito, Artes…). Mas Ives opera com temperança. O debate, para ele, se dá no campo das ideias, nunca atacando pessoas. Não persegue os que pensam diferente dele. Pelo contrário, acolhe com amabilidade, ouve com atenção e talvez mude de ideia. Quando atacado, responde com ternura.

Ives, jurista: “A democracia é o regime político em que o respeito às instituições ocorre mesmo que o eleitor não esteja satisfeito com os governos. E o caminho de que se utiliza é mudá-los através do voto”. É um democrata, acima de tudo. Fez-se um dos maiores juristas do País, reconhecido como doutrinador nas áreas tributária e constitucional. Autor de mais de 90 livros, além de centenas de obras coletivas, seus escritos rodaram o mundo, traduzidos em vários idiomas, agraciado doutor honoris causa em diversas universidades nacionais e estrangeiras.

Ives, amigo: “Vive menos quem vive para si”. Só podemos agradecê-lo pela sabedoria que tem representado para todos nós. O Brasil, aliás, nunca necessitou tanto de suas lições (destaque-se esta: o setor público brasileiro não cabe no PIB, com gastos excessivos para o sustento dos privilégios do estamento burocrático e político). Quando Roberto Campos chegou à Academia Mato-Grossense de Letras, Ives, também acadêmico, escreveu: “Dos imortais brasileiros, Roberto é o mais imortal”. Ele não sabia que, na verdade, escrevia sobre si mesmo. Suas ideias atravessarão o tempo, e seu nome, como anunciou a sábia Lygia, será lembrado como um ser voltado à esperança.

Roberto Macedo

 
 

 

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